MOR - Introdução

Mor - Moeda Local de Montemor-O-Novo



INTRODUÇÃO

Como as coisas começaram - o pré-sonho

A nossa economia parece ser um dado adquirido, mas na verdade não é! 
A realidade económica é, até certo ponto, o resultado do dinheiro que usamos. Os sistemas monetários consistem em um conjunto de regras que surgiram e progrediram com o tempo, como juros, denominação, apoio, conversão, resgate e emissão. Na essência, o dinheiro é apenas um acordo, dentro de uma sociedade, para se usar algo como meio de troca, aceitando simultaneamente as regras deste meio de troca. Essas regras têm força de lei. E, porque a lei tem o seu próprio projeto específico não é neutra: é mais adequada para alguns fins sócio-económicos do que os outros. Os sistemas monetários actuais estimulam a concorrência, a globalização e os fins lucrativos, por exemplo. Ao mudar as regras do jogo, podemos conceber outros fins sócio-económicos. 
As moedas locais são um dos muitos tipos de moedas complementares. As moedas complementares são sistemas de troca de valores que existem como complemento às moedas convencionais e podem ser de vários tipos, por exemplo: bancos de tempo e de serviços (o sistema kippu Fureai no Japão utiliza créditos de assistência aos idosos para troca por assistência a familiares que vivam longe), recompença de fidelização (pontos de gasolineiras, milhas aéreas, etc.), moedas virtuais (troca de pontos e tempo em jogos on line). 
As moedas locais partem da noção de que o dinheiro é essencialmente uma invenção e um instrumento para influenciar as relações entre os cidadãos e as organizações humanas. Baseiam-se numa forma local do monetarismo e mercantilismo que, não podendo ser usada fora da comunidade, permite defender objetivos sócio-económicos específicos para essa comunidade. Grande parte das moedas locais integra o conceito de desvalorização com o tempo – demurrage. O método mais utilizado é a necessidade de colar um selo mensal na nota, no valor de 1%, para que esta permaneça válida. Esta desvalorização penaliza o aforro, incentivando as pessoas a circular a moeda local mais rapidamente do que a moeda nacional. A mesma quantidade de moeda em circulação é utilizada mais vezes, resultando em maiores ganhos económicos - produz maior benefício por unidade. Ao aumentar a procura dentro de uma comunidade, porque não compensa guardar o dinheiro, promove-se uma utilização mais global dos seus recursos produtivos. Como as moedas locais só são aceites no seio da comunidade, o seu uso incentiva a compra de bens e serviços produzidos localmente e localmente disponíveis e envolve na economia activa desempregados e pessoas habitualmente à margem dos tecidos produtivos, o que tem um efeito catalisador sobre o resto da economia local. Enquanto a economia local estiver a funcionar abaixo da sua capacidade total,
o aumento da procura determinada pela introdução da moeda local não é inflacionária, mesmo quando resulta em um aumento significativo da actividade económica total. 

A utilização de moeda local não é recente mas ao longo das duas últimas décadas houve um tremendo aumento no seu uso. Hoje, existem mais de 2.500 diferentes sistemas monetários locais que operam em países de todo o mundo. Essas experiências visam aumentar a resiliência das economias locais, incentivando a re-localização de compra e produção de alimentos. O impulso para essa mudança surgiu a partir de uma série de iniciativas baseadas na comunidade e movimentos sociais, como os Movimentos de Transição. 

Desde o início que este tema interessa à Rede de Cidadania de Montemor-O-Novo.

Em 2011, iniciámos a acção Natal Local onde tentamos promover a ideia da oferta de talões-prenda, válidos no Mercado Municipal. Apesar da pouca adesão, temos continuado esta acção aos longo destes anos, pelo menos até ao Natal de 2016 - 2011-11-01_Natal Local-proposta de acção.




Em 2013, no âmbito da Agenda 21 Local, foi uma das muitas "Boas Ideias para a Sustentabilidade" por nós apresentadas - 2013-Agenda21L-Mor - e um dos flyers de divulgação presentes na Banca da Rede no Mercado - Moedas Locais.

Ainda neste ano, promovemos a primeira experiência com moeda local numa Feira Franca realizada no Jardim Público em 29/06/2013 (integrada no programa da Cidade Pre0cupada desse ano) e repetimos num Mercado de Natal realizado no Mercado Municipal em 21/12/2013.


Estas experiências funcionaram com moeda física - cédulas de papel - com valores faciais de 5M, 1M, 0,5M e 0,1M, - com 3 níveis de segurança. Os relatórios destas duas experiências encontram-se  disponíveis aqui:
Estas experiências foram registadas no inventário de Moedas Comunitárias de Portugal de 2014 (pág. 121-123), organizado por Armando Garcia, disponível aqui.

Em Dez/2015, promovemos uma 3ª Feira Franca de Natal com utilização de Mor, da qual não guardámos registos ou relatório.

O assunto esteve parado algum tempo mas permaneceu sempre na nossa agenda, e voltou em 2017.
São as ideias, dificuldades e avanços do projecto actual, já com intenção de implementação efectiva da moeda e não apenas em experiências pontuais, que pretendemos deixar registados e públicos, como tem sido sempre a nossa postura.

Sem comentários:

Enviar um comentário