Temos sido abordados por algumas pessoas com a questão da criação de outros Bancos de Terras Locais. Por que razão se deverá criar outros Bancos de Terras locais e como é que isto pode ser feito?
De acordo com o Movimento de Transição, a resiliência (capacidade de resistir e se adaptar face a perturbações externas) de uma comunidade aumenta quando reforçamos os laços entre os elementos dessa comunidade e quando intervimos nela com profundo conhecimento do que nela acontece. Por outro lado este aumento de resiliência aumenta com uma relocalização das inumeras actividades produtivas, nomeadamente de produção de alimentos e sua transformação. Relocalização implica interessarmo-nos mais pelas nossas comunidades locais, agindo localmente e, por isso, de forma mais adequada, mas também menor gasto de combustíveis fósseis que nos trazem, actualmente, produtos de todos os cantos do planeta com implicações nefastas na autonomia energética e no clima. Desta forma aconselhamos vivamente a criação de Bancos de Terras locais, embora pensemos que a questão da falta de autonomia alimentar em Portugal é tão séria que há espaço para todas as iniciativas que existem e venham a existir de âmbito mais local ou nacional. Hája vontade de cultivar.
Posto isto passemos ao "como". Apenas podemos falar da nossa experiência e muitas formas haverá de implementar uma iniciativa destas. No nosso caso tem sido essencial o projecto ter tido origem no âmbito da Rede de Cidadania de Montemor-o-Novo, um conjunto (não uma associação) de pessoas interessadas em criar iniciativas para uma comunidade mais sustentável e preparada para encarar os desafios ambientais, económicos e sociais do futuro, pessoas que decidiram assumir a sua responsabilidade na construção de um futuro melhor em vez de se limitarem a esperar que "os outros" o façam por si. Desta forma as ideias são pensadas em conjunto e é possível acedermos a uma série de apoios que dificilmente surgiriam caso agíssemos de forma isolada (coluna mensal no jornal local, apoio de instituições no esclarecimento de algumas dúvidas), para não falar da energia positiva criada ao pensarmos e agirmos em conjunto em prol da nossa comunidade. De resto adoptámos o modelo mais simples possível partindo do princípio de que "o que interessa é pôr as pessoas a produzir" e que quase tudo o resto é acessório tirando alguns princípios fundamentais que fazem parte da nossa Declaração de Princípios. De resto concebemos as nossas fichas de inscrição e funcionamos com o mail da Rede de Cidadania e com a nossa Banca no Mercado Municipal de Montemor-o-Novo, aos sábados de manhã. Isto permite-nos trabalhar falando com as pessoas e passar a barreira do computador, uma vez que grande parte daqueles a quem queremos chegar não têm computador ou internet.
Desta forma convidamos, quem assim o pretenda, a imitar-nos e recriar-nos de forma aperfeiçoada, a criarem fichas de inscrição inspiradas nas nossas ou melhores, a distribuirem cartazes pelos cafés, casas de convívio e Juntas de Freguesia locais, a falarem directamente com as pessoas, a contactarem as associações de agricultores e produtores locais, enfim, a porem mãos à obra. Esperamos em breve ter minutas disponíveis para contratos de comodato, arrendamento ou trabalho em parceria, embora as parcerias possam ser feitas com um simples acordo verbal. Logo que as tenhamos disponibilizaremo-las neste blog e poderão utilizá-las nas vossas iniciativas locais se assim o entenderem.
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