No dia 18 e 19 de Julho de 2020 decorreu o encontro de associações promovido no âmbito da celebração dos 10 anos da Rede de Cidadania, com a participação de 8 associações, para além da Rede de Cidadania: Cooperativa Integral Minga, Abrigo dos Velhos Trabalhadores, Ciranda, A.Mor, Oficinas do Convento, O Espaço do Tempo, ARPI e MontemorMel. Foram contactadas previamente, todas as associações do concelho de Montemor-o-Novo, e estas foram as que responderam e se mostraram interessadas em participar activamente neste diálogo.
As associações apresentaram as suas actividades bem como as áreas que gostariam de desenvolver em conjunto com as outras entidades. Alguns assuntos revelaram serem preocupações preponderantes e comuns aos diferentes interlocutores: 1) as questões relacionadas com a soberania alimentar e economia local; 2) preocupações em relação à gestão mais consciente da água, num sentido lato e, em particular, no rio Almansor, e ainda a necessidade de ter mais árvores, na envolvente do Rio mas também no espaço urbano.
Após os debates no dia 18, foram escolhidos consensualmente pelos participantes dois temas de trabalho a serem desenvolvidos no dia 19, em formato de world-café: Mercado e Rio.
O tema Mercado agregou as questões 1) da dinamização da produção e economia local, da moeda local Mor, Km0 e, para isso, apoio aos produtores e aos circuitos curtos de comercialização (incluindo processamento e distribuição), 2) da dinamização do próprio Mercado e 3) do reforço do sentido de comunidade e do Mercado como espaço privilegiado para integração entre todos e de quem chega de novo, conversas e palestras. O tema Rio agregou as problemáticas 1) da gestão sustentável da água; 2) das árvores e zonas silvestres (sebes e galerias ripícolas) importantes para a amenização do micro-clima e captação de água na bacia hidrográfica do rio Almansor; 3) a recuperação do rio Almansor como forma de aproveitar o seu potencial na produção apícola, educação ambiental, ligação com a escola, lazer e espaço de convívio, memória e identidade e recuperação de práticas associadas aos moinhos do rio e às hortas das várzeas.
A cada grupo foi pedido que formulasse uma visão de cada tema numa perspectiva temporal de 10 anos e, em função dessa visão, fossem criadas estratégias para atingir esse objectivo, aproveitando as competências das diferentes entidades e pessoas interessadas e procurando o envolvimento da comunidade.
A visão condutora do Grupo Mercado que resultou dos trabalhos foi de um mercado municipal como espaço de identidade montemorense onde se valorizam e reconhecem produtos da economia local, sendo que estes são a larga maioria dos produtos comercializados (frescos ou processados) e do mercado como espaço de convívio e de cooperação. Nas propostas de ação para a realização destes objectivos emergiram 1) a importância de alargar o espaço a novas funções de modo a ser atrativo para mais pessoas e durante mais tempo na semana, nomeadamente como espaço convivial em torno do consumo de produtos locais no próprio mercado; 2) desenvolver uma estratégia de comunicação para divulgar o Mercado e as suas atividades e dinamização do espaço através de pequenas actividades de entretenimento ou conversa, com o envolvimento de associações locais; 3) apoiar e capacitar os produtores locais, através de organização da produção e venda, e resolução de problemas de licenciamento de produção e / ou transformação.
Para alcançar estes objectivos, as várias associações vão mobilizar-se e trabalhar em conjunto. Mas precisamos de colaboração de todos. Os que estão interessados, podem dirigir-se à Banca da Rede de Cidadania, ou da Cooperativa Minga, no mercado, aos Sábados de manhã.
A visão condutora do Grupo Rio foi de uma re-aproximação da cidade e dos cidadãos ao Rio Almansor, no sentido urbanístico, económico, lúdico e educacional e como símbolo do empenho e envolvimento da comunidade na defesa da água enquanto bem comum envolvendo, obrigatoriamente, um esforço de arborização da sua bacia hidrográfica e preservação da biodiversidade associada a este ecossistema silvestre. É inegável que ocorreu um progressivo afastamento de Montemor ao Rio Almansor, no entanto continua a existir uma forte ligação dos montemorenses a esta zona ribeirinha - o facto de em Montemor lhe chamarem “Rio”, quando fora da cidade é considerada apenas ribeira, é significador da importância que constitui como repertório de memórias e de identidade dos montemorenses. Este é um assunto sobre o qual existe muito trabalho já desenvolvido por várias entidades e, por outro lado, do debate das ideias agrupadas em torno do tema Rio, resultaram múltiplas propostas de acção, com preocupações e objectivos diversos que necessitam de ser enquadradas e interligadas. Desta forma, foi considerado indispensável começar por revisitar o trabalho já feito e torná-lo disponível para todos, de modo que todos possam partir da mesma base de trabalho. Foi decidido organizar um encontro em Novembro para apresentação do trabalho já existente, tentando também chamar outras pessoas e entidades com competências nesta matéria. Nesta reunião definir-se-á, então, uma estratégia integrada de actuação, envolvendo as diferentes propostas avançadas: 1) campanhas de sensibilização da população em torno do Rio Almansor; 2) campanhas de educação ambiental junto da população escolar; 3) acções de recuperação do rio; 4) acções de exigência de cumprimento das determinações legais em relação aos caudais ecológicos e acesso livre às margens do rio; 5) estudar a constituição de um Movimento Cívico pelo Rio que envolva todos os interessados nas diversas actividades que se possam aí desenvolver. Todos os interessados estão, desde já, convidados a integrarem os trabalhos.
O Texto de resumo dos trabalhos encontra-se aqui.
Grupo Coordenador da Rede de Cidadania de Montemor-O-Novo